O mundo dos seguros é um vasto território onde confiança e responsabilidade se cruzam. Contudo, um relatório recente publicado pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS) revela que o custo potencial das fraudes aos seguros em Portugal atingiu a impressionante marca de 67 milhões de euros no ano passado. Este dado alarmante não apenas afeta o setor segurador, mas também tem um impacto direto nos prémios de seguros que todos pagamos.
A APS, que representa todas as seguradoras a operar em Portugal, revela que, das 139 mil participações de sinistros suspeitos de fraude registadas ao longo do ano passado, 18 mil delas foram confirmadas como fraudulentas. Isso significa que quase 10% das participações foram consideradas suspeitas, o que representa um desafio significativo para a indústria de seguros.
Mas o que exatamente está a ser feito para combater esta onda de fraude nos seguros? A resposta pode estar nas Ciências Forenses. A FOREN, com recurso às Ciências Forenses, desenvolve esforços em conjunto com a atividade seguradora para mitigar esse risco.
Carla Jorge, membro da Comissão Executiva e diretora de Sinistros da seguradora Allianz em Portugal, destaca a importância da tecnologia nesse esforço. “O que se tem feito é investigar os casos com maior probabilidade de se detetar fraudes. A tecnologia trouxe-nos possibilidades de nos tornarmos mais eficientes na deteção e concentrar recursos para os casos que realmente têm mais possibilidade de serem fraude”, afirma.
A responsável pelos Sinistros da Seguradora Allianz em Portugal explica que as seguradoras agora utilizam alertas, modelos preditivos baseados em dados históricos e até mesmo a Inteligência Artificial para identificar padrões de comportamento suspeito. Além disso, uma área dedicada ao relacionamento entre sinistros aparentemente isolados ajuda a descobrir conexões que podem indicar fraudes em rede.
No entanto, combater a fraude nos seguros não é apenas uma questão técnica. Existe um problema cultural que contribui para a persistência deste problema. “Para muitas pessoas, a omissão não é colada à fraude”, observa Carla Jorge. Ela enfatiza que nos ramos Vida e Saúde, a fraude muitas vezes ocorre devido a falsas declarações no momento da subscrição, muitas vezes por omissão.
A fraude nos seguros é um crime punido por lei, mas a conscientização e a colaboração entre seguradoras, peritos e cientistas forenses são essenciais para reduzir esse custo elevado e proteger a integridade do setor.