06/03/2024 Foren Insight

Os Efeitos Devastadores da Negligência Estrutural: O Caso de Rana Plaza

Uma parte considerável da roupa vendida em lojas como Mango, Zara ou Carrefour é produzida em Bangladesh, o quarto maior exportador de vestuário do mundo. O edifício Rana Plaza era um dos locais onde essa produção ocorria.

Construído em 2008, o edifício possuía inicialmente cinco andares, mas foi posteriormente ampliado para oito. No entanto, a estrutura violava várias normas de segurança, nomeadamente por ter sido erguida sobre um antigo lago e por ter sido construída com materiais de baixa qualidade, incapazes de suportar vibrações e cargas elevadas. Além disso, os terrenos onde o edifício foi edificado foram adquiridos de forma fraudulenta.

O Rana Plaza abrigava lojas, um banco e fábricas de vestuário, empregando mais de 5.000 pessoas.

O Colapso Anunciado

No dia 23 de abril de 2013, uma falha elétrica ativou os geradores do edifício, resultando numa explosão que provocou fendas visíveis em toda a estrutura. Os trabalhadores evacuaram o edifício e um engenheiro realizou uma inspeção ao local, concluindo que o edifício deveria ser encerrado.

No entanto, o proprietário do Rana Plaza garantiu que a estrutura era segura. Embora as lojas e o banco tenham permanecido encerrados, as fábricas e as creches associadas continuaram em funcionamento. Os empregadores ameaçaram com despedimentos e retenção de salários caso os trabalhadores faltassem no dia seguinte.

Às 9h00 da manhã de 24 de abril de 2013, o Rana Plaza ruiu por completo. O colapso resultou na morte de 1.134 trabalhadores e deixou 2.500 feridos. As operações de resgate prolongaram-se até 13 de maio de 2013.

Apesar da tragédia, algumas marcas, como a Carrefour e a JCPenney, recusaram-se a pagar indemnizações, deixando muitas vítimas e as suas famílias em situação de extrema vulnerabilidade.

Referência

Rego, F. (2019). A tragédia de Rana Plaza revisitada. Público, 25 de abril.