Em setembro de 1978, o jornalista e escritor búlgaro Georgi Markov, residente em Londres, aguardava o autocarro para o trabalho quando um homem misterioso lhe espetou o guarda-chuva na perna. Horas depois, Markov começou a manifestar sintomas estranhos e preocupantes.
Já no hospital, Georgi confessou ao seu médico que acreditava ter sido envenenado por um membro do KGB, a polícia política secreta da antiga União Soviética. Markov era um dissidente búlgaro que, até 1978, criticava abertamente o regime político do seu país, então aliado da União Soviética.
Curiosamente, foi a mulher do médico de Markov quem deu uma pista crucial para identificar a toxina. Ela havia lido recentemente um romance policial de Agatha Christie no qual uma das personagens era envenenada por ricina. Os médicos conseguiram, então, confirmar que a ricina, uma substância extremamente tóxica extraída da planta Ricinus communis, estava presente no corpo de Markov.
A ricina é produzida a partir do processamento da mamona. É uma substância letal que, se ingerida, inalada ou injetada, pode causar náuseas, vômitos, hemorragia interna e, por fim, falência de órgãos. Não existe nenhum antídoto conhecido para a ricina. Se uma pessoa for exposta à ricina, a morte pode ocorrer dentro de 36 a 72 horas, dependendo da dose recebida, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Tragicamente, Georgi Markov faleceu no dia 11 de setembro de 1978. Durante a sua autópsia, os peritos descobriram um pequeno objeto metálico no local onde o guarda-chuva o havia atingido. O objeto, de formato redondo, continha minúsculos orifícios que, segundo os especialistas, teriam sido projetados para armazenar e libertar a toxina.
Este caso tornou-se um marco histórico na utilização de métodos sofisticados de assassinato durante a Guerra Fria, e a morte de Markov continua a ser um dos exemplos mais notórios de espionagem política.
Referências
BBC News Brasil (2016). Como assassinato de jornalista da BBC com veneno em ponta de guarda-chuva mudou vida de médico que tentou salvá-lo, 21 de setembro.